Entendendo o comportamento do seu gato

Atualmente, os brasileiros têm 160,9 milhões de animais de estimação, segundo pesquisa da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) e do Instituto Pet Brasil. Porém, os pets não sabem falar (pelo menos ainda!). Portanto, entender o comportamento da espécie é importante para proporcionar qualidade de vida e saúde ao indivíduo.

Muitas famílias optam pelos gatos, que somam 30,8 milhões nos lares brasileiros, por acreditarem que são uma versão mais independente dos cães. Contudo, os felinos possuem uma série de características únicas que precisam ser compreendidas e respeitadas pelos humanos. 

A seguir, respondemos a perguntas comuns sobre a espécie para que você possa entender mais sobre o comportamento do seu bichano. Confira!

Gatos são selvagens?

Os gatos possuem atitudes consideradas selvagens e existe uma explicação para isso. “Há relatos que os cães convivem com o homem há 23 mil anos, enquanto os felinos, apenas há aproximadamente 10 mil anos. As informações comportamentais são passadas de geração em geração a cada milhares de anos, gerando descendentes mais sociáveis em relação ao ser humano”, afirma a médica-veterinária Estela Pazos, especialista em felinos.

Por que os gatos arranham?

Quem tem ou deseja ter um felino sabe que o arranhador é um dos itens essenciais. Isso porque eles arranham para manter as unhas limpas e afiadas, já que, na natureza, elas são fundamentais para proteção e, consequentemente, sobrevivência. 

“As unhas também liberam feromônios, que são substâncias que funcionam como um marcador territorial. Assim, o gato sinaliza para outros que esteve ali e que aquele é seu território. O animal também aproveita o momento de arranhar para alongar-se, contribuindo para a manutenção da musculatura e da flexibilidade”, adiciona a médica-veterinária.

Por que eles sobem nos móveis?

Os bichanos escalam para exercitar-se, uma vez que é uma espécie que tem muita energia devido à necessidade de caça. Além disso, eles ficam em locais altos por questão de segurança, para que tenham uma visão ampla do território. 

“Dentro de casa, os gatos podem subir nos móveis como um comportamento aprendido, em que a família oferece alimento, carinho e atenção. Mas também podem escalar os móveis convencionais pela falta de mobiliário próprio, como torres e playgrounds nas paredes, para eles se exercitarem ou observarem o ambiente do alto”, assinala Pazos.

É normal que os gatos se escondam em armários e em baixo dos móveis?

Sim, é comum que os felinos busquem tocas pela casa. Isso porque elas fornecem um abrigo calmo e protegido para tirarem uma soneca ou esconderem quando não estão se sentindo bem. “É necessário oferecer tocas e caminhas fechadas para evitar o animal se esconda em um local inadequado, como armários, forro do sofá ou abaixo da cama, principalmente quando chega uma visita ou em caso de barulhos fora do comum, como fogos e gritos em dias de jogo”, exemplifica a médica-veterinária.

Gatos não gostam de água?

Pazos explica que os felinos surgiram e evoluíram em áreas desérticas, ou seja, com pouco contato com água. O organismo deles aprendeu a captar o líquido das presas ingeridas e concentrar a urina para evitar a desidratação. “Isso também explica por que eles têm menor percepção de sede e tendem a não buscar água para beber”, aponta.

Por isso, é necessário ter atenção redobrada quando o tema é hidratação do seu bichano, avaliando como está o consumo de água e, se necessário, recorrer a outros meios de ingestão de líquidos, a exemplo de alimentos úmidos. Para isso, busque sempre a orientação de um médico-veterinário.

Eles são solitários?

Principalmente quando comparados aos cães, os gatos são comumente considerados mais independentes e solitários. Os cachorros são animais que vivem em grupo e, após a domesticação, a família acaba virando sua matilha, criando uma relação de dependência e necessidade de companhia de humanos maior.

Já os felinos são animais solitários na natureza. Embora convivam com outros indivíduos da mesma espécie, caçam e alimentam-se sozinhos, e o mesmo comportamento é observado no ambiente doméstico. Porém, engana-se quem pensa que eles não convivam bem em grupo ou que não são carinhosos.

“O gato também cria um vínculo com a família, uma relação de carinho e confiança, mas não será dependente dos humanos por não ser uma característica da espécie. Existem casos de dependência, mas são patológicos, como ansiedade da separação. Eles são animais afetuosos, no entanto precisam de momentos de solidão e independência para o próprio bem-estar”, detalha Pazos.

Por que os gatos fazem a própria higiene?

Sabidamente, os bichanos são animais limpos e isso está diretamente relacionado ao instinto de sobrevivência da natureza. “Ao ingerir um passarinho ou ratinho, o gato fica com odores e sujidades por segurar e mastigar a presa. Esse odor pode chamar a atenção de predadores, então os felinos sempre se higienizam após a alimentação”, explica a médica-veterinária.

Ademais, a saliva contém odores que tornam os gatos familiares entre si. Então, é comum que eles lambam uns aos outros, ou até mesmo outros animais que sejam da família, quando convivem no mesmo ambiente.

Em relação à caixa de areia, a explicação também está no instinto de sobrevivência, uma vez que, ao enterrar os dejetos, não deixam sinais de haver um animal naquele local, despistando predadores em potencial.

Dica extra: fique atento aos sinais que podem indicar um problema de saúde!

Pazos destaca que os gatos costumam mudar o comportamento, ficando mais quietos, dormindo mais ou diminuindo a quantidade de alimento ingerido, quando algo não vai bem na saúde. Logo, é fundamental estar atento ao menor sinal de mudança na rotina para buscar ajuda de um médico-veterinário.

“Gatos são muito discretos em seus sintomas. Mais uma vez, é uma defesa da vida na natureza, onde não podem se mostrar vulneráveis para não correr o risco de serem abatidos”, finaliza a especialista em felinos.

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