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Como o cão-guia transforma a vida do deficiente visual

Hoje em dia, existem muitas pesquisas e avanços tecnológicos que auxiliam e facilitam o dia-a-dia de quem possui deficiência visual – incluindo o sensacional sistema Braille de leitura por meio do tato. Contudo, a “invenção” que, talvez, mais tenha transformado a vida de pessoas cegas – para melhor – foi o cão-guia.

“Sou usuária de cão-guia desde 2002, quando peguei minha primeira guia, que se chamava Gypsy. Ela me guiou durante dez anos e morreu de velhice aos doze anos de idade. Há dois meses, estou com a Ayla, minha nova cão-guia”, conta Marinalva Pires de Luma, telefonista do Banco de Brasília (BRB), moradora da região de Taguatinga, no Distrito Federal.

Marinalva, que é cega, teve suas “guias caninas” treinadas pelo Projeto Cão-Guia de Cegos – DF, que visa à reintegração da pessoa com deficiência visual à sociedade, proporcionando segurança, mobilidade, melhoria da qualidade de vida e inclusão social por meio do cão-guia. “O Projeto é da Associação Brasiliense de Ações Humanitárias – ABA, mas, atualmente, quem o mantém em funcionamento é a Associação Amigos do Cão-Guia – AACG”, esclarece Ricardo Corrêa, presidente e sócio-fundador da AACG.

O impacto do cão-guia na autonomia da pessoa cega

“Adoro cachorros, sou apaixonada por eles e, com o cão-guia, minha vida mudou muito! Já andava sozinha desde os oito anos de idade, mas é muito difícil se locomover com a bengala, pois ela não localiza galhos de árvores, orelhão, buracos… O cão-guia facilitou muito minha vida, pois a Ayla desvia destes obstáculos”, relata Marinalva.

É como se os cães-guia fossem os olhos do cego em uma versão fofa e canina. “Quando a Gypsy faleceu, me senti cega de novo e foi muito difícil me adaptar ao uso da bengala. Esperei um tempinho para pegar outro cão e agora que estou com a Ayla voltei a enxergar”, descreve lindamente a telefonista.

Segundo Marinalva, Ayla vai para todos os cantos com ela: trabalho, academia, consulta médica, livraria etc. E, apesar de toda informação que existe por aí, ainda existe preconceito em relação ao cão. “As pessoas deveriam respeitar mais o cão-guia, pois eles são dóceis e muito bem treinados. Mas ainda há quem reclame. Outro dia, um vendedor de balas começou a falar que a Ayla mordia e expliquei a ele que não, que era uma cão-guia treinada para me guiar, mas ele continuou reclamando”, desabafa.

Porém, os benefícios da companhia e do auxílio de um cão-guia compensam todos os preconceitos e situações delicadas pelas quais um cego ainda passa hoje em dia. “Com a Ayla, sou muito feliz! Tornei-me mais independente e mais segura. Quando estamos em casa, brinco bastante com ela, que é muito manhosa e adora uma brincadeira. Ela é minha melhor amiga”, finaliza Marinalva.

É muito amor e atitude, né?

 

 

Por: Paula Soncela

 

Foto da capa: Cylonphoto / Shutterstock.com

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