Sabe quando a gente dá aquela tostada ao sol, fica todo vermelho e depois começamos a deixar um rastro de pedaços de pele por aí? É basicamente isso que acontece com as cobras quando elas trocam de pele, com a diferença que a fazem por uma necessidade biológica e sem precisar torrar com raios solares.
“A pele das cobras é coberta por escamas que são compostas de queratina, e elas realizam essa troca para poder expandir seu corpo”, explica Erika Hayashi, médica veterinária especializada em animais silvestres e pets exóticos, da clínica e hospedagem de animais silvestres, Paraíso Silvestre, na Grande São Paulo.
Geralmente, a troca de pele (processo chamado de ecdise) ocorre cinco vezes ao ano e o tempo de duração depende de diversos fatores, como saúde e idade do animal, alimentação e condições do meio ambiente, como temperatura e umidade.
“No caso das cobras jovens, a ecdise é realizada com mais frequência. A troca é importante para renovação da epiderme destes animais, bem como para seu crescimento, pois a mesma não é elástica. Então, se não houvesse a ecdise não haveria crescimento”, aponta a médica veterinária.
Como é o processo
Segundo a Dra. Erika, a pele começa a sair a partir do focinho até tomar o corpo inteiro – como se a cobra estivesse tirando a roupa pelo avesso.
“Porém, algo está errado quando a pele sai aos pedaços ou quando sobra pele sobre os olhos da cobra. Quando isto ocorre, não devemos auxiliar a retirada da pele e, sim, levar o animal ao veterinário especialista para corrigir o manejo, facilitar a troca de maneira correta e analisar se há necessidade de entrar com algum medicamento”, adverte a especialista.
Como facilitar a troca de pele
Você pode facilitar a ecdise de sua serpente corrigindo a umidade do ambiente, borrifando água na cobra e deixando um pouco em uma tigela rasa para a mesma se molhar. Galhos e troncos também são ótimos para promover atrito e auxiliar a troca de pele enquanto o animal escala estes objetos.
É importante, inclusive, sempre deixar um lado do terrário com temperatura maior e outra menor, para a cobra ter opção de escolha.
“É fundamental sempre verificar a exigência de cada espécie. As Corn Snakes, por exemplo, gostam de temperatura aproximada de 29°C e umidade a 75% no período de ecdise; as Jiboias já preferem temperaturas de 25°C a 30°C e umidade elevada a 70% para realizar a troca”, aponta a Dra. Erika Hayashi.
Lembrando que Jiboias devem ser compradas de criadouros comerciais legalizados pelo IBAMA, e as Corn Snakes são classificadas como animais exóticos, não sendo permitida pelas autoridades competentes a sua importação e criação como pets no Brasil, de acordo com Portaria Normativa 93, de 7 de julho de 1998, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Agora você já sabe o motivo e algumas curiosidades sobre a troca de pele das nossas amiguinhas de sangue frio!