Para muita gente, ver uma serpente, por exemplo, desperta automaticamente o medo desse animal. Mas você sabia que os répteis podem ser bons aliados no tratamento de crianças com autismo, hiperatividade ou déficit de atenção?
Aqui no Portal Melhores Amigos, já contamos um pouco sobre a reptilterapia com crianças, que melhora habilidades motoras, sociais, cognitivas e emocionais. Outra opção para os pais que desejam testar isso em casa é adotar um réptil como pet. Nesse caso, explica a médica-veterinária Daniela Hänggi, é preciso ter alguns cuidados.
O primeiro deles é verificar junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou ao órgão ambiental do seu Estado se a espécie de interesse pode ser comercializada. Por lei, estão na lista de permitidos serpentes, como jiboias (Boa constrictor), salamantas (Epicrates cenchria), suaçuboias (Corallus hortulanus) e piriquitamboias (Corallus caninus); os lagartos, como teius (Salvator merianae) e iguanas verdes (Iguana iguana); e quelônios, como jabutis (Chelonoides carbonaria) e tigres d’água (Trachemys dorbigni).
“A Corn Snake [Pantherophis guttatus], por exemplo, é um animal exótico, que não possui a comercialização ou a posse legalizadas no Brasil. Infelizmente, a maioria das pessoas desconhece essa informação”, afirma Hänggi, que faz parte do Instituto Boitatá de Etnobiologia e Conservação da Fauna.
Outra dica importante é checar se o lugar que comercializa o animal possui autorização para funcionar. Exigir a nota fiscal também é fundamental para garantir a procedência legal do seu pet. Na dúvida, é possível consultar a Linha Verde do Ibama, que funciona segunda à sexta, das 8h às 18h pelo número 0800-618080.
Em casa com seu novo pet
Tomados os cuidados necessários, a médica-veterinária diz que os répteis exigem um manejo muito específico e minucioso. “Como qualquer animal, não existe um que seja adequado para crianças, pois exigem cuidados e investimentos que apenas um adulto responsável pode garantir. As crianças podem participar das atividades junto aos animais, mas a presença de um adulto supervisionando e assumindo as responsabilidades é indispensável”, explica.
De acordo com Hänggi, é preciso ter muito cuidado com o local em que o réptil ficará na sua casa. “Não pode ser um aquário, pote ou qualquer variação disso. Apesar de serem, na maioria dos casos, animais pouco ativos, precisam de um ambiente espaçoso e adequado às suas necessidades”, diz.
Por isso, alguns fatores básicos, como temperatura, umidade, alimentação, iluminação, alocação, higiene e cuidados veterinários devem ser observados. A escolha do tamanho do espaço e material do recinto deve ser feita de acordo com a espécie. Veja algumas dicas da especialista:
- Temperatura
Os répteis não conseguem manter a temperatura corporal sozinhos, por isso, o recinto precisa oferecer uma zona de conforto térmico. Para isso, você deve ter um sistema de aquecimento – que pode ser desde lâmpadas infravermelhas ou cerâmicas até pedras e mantas específicas para essa finalidade – em um dos cantos do espaço onde o animal ficará. Para garantir que o local esteja na temperatura ideal, é indicado utilizar um termômetro adequado.
- Umidade
Ambientes muito secos podem levar à desidratação do animal, enquanto os muito úmidos podem favorecer o desenvolvimento de fungos e bactérias. Desse modo, Hänggi indica o uso de um grande vasilhame de água, nebulizadores ou um pulverizador de plantas. Um higrômetro deve ser usado para medir a umidade relativa do ar no espaço.
- Alimentação
Cada espécie tem uma necessidade nutricional diferente, portanto, é importante consultar um profissional especializado, que vai indicar a qualidade e a quantidade de comida que você deve oferecer ao seu réptil. “Infelizmente, no caso dos répteis, ainda não temos uma ração que seja capaz de suprir totalmente as necessidades nutricionais, sendo exigida sempre uma complementação baseada nos hábitos alimentares do pet”, afirma a médica-veterinária. Água fresca e limpa também deve ser disponibilizada na quantidade e da forma mais adequada para cada animal.
- Iluminação
“A radiação ultravioleta em doses adequadas também é necessária para a saúde do seu pet. Ela pode ser obtida por meio da luz solar direta, sem ser filtrada por vidros, de duas a três horas diárias, fora do horário de sol a pino”, diz a veterinária. Ela também indica o uso de lâmpadas fluorescentes específicas para répteis, que fornecem as concentrações de radiação adequadas e não geram muito calor.