Um dos aspectos mais importantes para o bem-estar e a saúde dos cães é a alimentação saudável – e é justamente um problema com a alimentação que pode causar a torção gástrica, uma condição muito perigosa e pouco conhecida. Para entende-la melhor, falamos com o médico veterinário Rodrigo Monteiro.
Em primeiro lugar, Rodrigo explica exatamente o que é a torção. “A torção gástrica é considerada uma síndrome, ou seja: um conjunto de sinais de várias alterações que acontecem no organismo do animal, que acabam afetando todos os sistemas do organismo. Primeiro há uma dilatação do estômago, que geralmente faz com que ele fique bem aumentado, cheio de gás, e ele sofre uma rotação – que pode ser parcial, de 180º, ou completa, na qual o estômago se torce dentro de seu próprio eixo”, explica. “Ela afeta principalmente cães de porte grande, como labrador, pastor alemão e golden retriever, mas pode acometer cães de tamanho menor e gatos, apesar de casos raros”, ressalta.
Segundo Rodrigo, o motivo para a torção gástrica é simples: hábitos ruins na alimentação destes cães. “A causa mais comum é a ingestão de grandes quantidades de ração de uma vez só pelo animal, que acaba comendo rápido e ingerindo muita água na sequência. Isso faz com que o estômago do cão fique muito pesado e o alimento fermente e produza gás, o que estufa ainda mais o aparelho digestivo do animal”, conta “Se ele realizar algum tipo de exercício a sequência, isso também pode causar a dilatação e a torção”, alerta. E a torção gástrica é perigosa: “Em poucas horas o animal começa a ter os sinais clínicos, como falta de ar e até mesmo a língua roxa, o que pode evoluir para óbito em poucas horas, graças às alterações de pressão arterial e da falta de ar.”
De acordo com o médico veterinário, se o seu pet apresentar estes sintomas ele deve ser encaminhado urgentemente para um hospital veterinário ou clínica veterinária, para que receba o tratamento adequado. “O profissional tomará as medidas cabíveis, que geralmente resultam em procedimentos cirúrgicos que corrigirão a torção e reestabelecerão a pressão arterial do animal e sua parte respiratória. A cirurgia também pode trazer uma fixação do estômago do abdome para prevenir que ele tenha, novamente, a síndrome”, explica.
Mas não basta apenas a cirurgia: seja para prevenir uma reincidência (que é ainda mais perigosa) ou simplesmente evitar que isso aconteça em qualquer momento, Rodrigo sugere a prática de hábitos mais saudáveis de alimentação para seu pet. “Vale a pena fracionar a quantia de alimento que ele ingere durante o dia, de duas a três refeições espaçadas. Sem essa correção do manejo, pode haver outra torção e até mesmo a morte do pet”, avisa.
No fim das contas, não basta que seu melhor amigo simplesmente se alimente: isso precisa ser realizado da maneira correta, com todo o amor, cuidado e carinho possível!