É importante respeitar o período que o filhote passa junto à mãe e aos irmãos. O leite garante nutrientes e imunidade, e até mesmo as lambidas da mãe têm inúmeras funções benéficas para o novo cãozinho.
A ligação entre cães e humanos é forte: uma boa evidência está no fato de que mesmo quem não é fã de animais de estimação não deixa de sentir afeto por filhotes. Mas, quando estamos de fato procurando um novo membro canino para a família, a vontade de levar para casa o animalzinho é ainda maior, e é preciso alguma paciência para que esse movimento seja feito da melhor maneira. Na verdade, existem diversos motivos pelos quais você deve esperar um pouco antes de levar um filhote de cão para sua casa.
Em primeiro lugar, devemos levar em consideração o tempo de amamentação, que vai de 30 a 40 dias no caso dos cães. “Nos três dias após o parto, as mamas da mãe secretam o colostro, primeiro leite produzido pelos mamíferos, e que é essencial ao bom desenvolvimento do filhote. Esse leite é rico em imunoglobulinas, proteínas e outros nutrientes necessários para que os cãezinhos se defendam de doenças de modo geral – explica o médico-veterinário Carlos David Castro – mas também é uma transição entre vida uterina e a luz do dia. Os olhos dos filhotes só abrirão aos 15 dias de vida”. A higiene dos bichinhos também fica por conta da cadela. “Não existe fralda para tantos filhotes, a mãe carinhosamente lambe todos, completando uma higiene perfeita”.
A relação entre mãe e filhote também garante aquecimento à cria. “O filhote já tem sensibilidade à temperatura da mãe, e se aquece ficando colado ao corpo dela, sentindo a presença dos mamilos que massageiam seu focinho. Também permanece lambendo os filhotes o dia todo, como forma de carinho. Ou seja, além da higiene, a lambida ao mesmo tempo exerce função de massagem abdominal, estimulando o funcionamento de mobilidade intestinal e reflexo urinário”, explica o veterinário. Já entre os irmãos, existe um ritual de seleção natural: os mais fortes sempre irão mamar primeiro, portanto é importante ficar atento ao ganho de peso dos filhotes e separar mamas para os menos desenvolvidos. Isso geralmente ocorre em grandes ninhadas.
Como se tudo isso não bastasse, a simples convivência em meio à ninhada e próximo da mãe também permite o imprinting, processo que basicamente ensina o cachorro a ser um cachorro. O primeiro objeto móvel que os filhotes visualizam ou sentem a presença gera o que pode ser chamado de “apego”. Eles passam a segui-lo, em busca de proteção e alimento, além de aprender com ele por meio da observação, da tentativa e erro – comportamento que não está somente ligado à herança genética. Você pode ler mais sobre esse fenômeno aqui mesmo no Portal Melhores Amigos.
Após essa primeira fase, vêm as vacinas. É necessário que o filhote desmame para poder receber a primeira dose, já que os anticorpos provenientes do colostro materno devem estar baixos em cada cãozinho, para que não haja conflitos com a medicação. Essa janela de tempo é de cerca de dez dias. Via de regra, as vacinas serão administradas a cada 21 dias após o desmame, totalizando no mínimo três doses de vacinas, mas o total fica a critério de cada profissional.
Mas afinal de contas, quando é que os filhotes estão liberados para conhecer a nova família? É seguro dizer que após os primeiros 60 dias você já pode ter o filhote em casa. Mas sempre se certifique da situação dos pequenos com os tutores da ninhada, e com um profissional veterinário.
As mães podem separar da ninhada filhotes com algum problema no desenvolvimento. Por isso, o acompanhamento do processo de amamentação dentro de casa pelos tutores é fundamental. E, por incrível que pareça, outras cadelas muitas vezes “adotam o filhote”, já que esses animais tem alta habilidade materna, explica o veterinário. “Ocorre uma interação hormonal a nível neurológico central. As mamas se desenvolvem e produzem leite, definindo e executando o que é a palavra amor. Há relatos até mesmo de cadelas não gestantes que passaram a amamentar ninhadas de gatinhos. É incrível”.