Eles são conhecidos pelo comportamento calmo e reservado. Apesar de parecerem imperceptíveis no ambiente e serem um pouco mais enigmáticos ao demonstrarem sentimentos, os gatos também sofrem de ansiedade e o comportamento silencioso dificulta o diagnóstico.
Diferentemente dos cães, o comportamento nada expansivo dos gatos faz com que o tutor tenha que perceber sinais mais sutis. “Eles demonstram essa ansiedade através de problemas físicos”, explica Juliana Toledo, veterinária da clínica SPet junto à Cobasi São Caetano. “Podem se coçar demais, urinar em local inapropriado, apresentar vocalização excessiva, diminuição da interação social, e tornarem-se agressivos. O tutor precisa ficar atento, já que a ansiedade pode levar a uma série de doenças mais severas”, alerta.
O mais comum que o estresse e a ansiedade podem causar no felino é a Síndrome de Pandora. Este é um termo recente que alguns veterinários utilizam para determinar diversos fatores psicológicos e metabólicos que desencadeiam doenças inflamatórias. “A mais comum é a cistite intersticial felina. Há também a possibilidade de desenvolver tríade, doença intestinal inflamatória, síndrome de pica, que é o transtorno obsessivo compulsivo pela ingestão de objetos estranhos, e alterações dermatológicas”.
Por que meu gato está ansioso?
As causas de ansiedade em gatos são diversas. No entanto, quebrar a rotina pode ser um dos principais fatores. “A quebra da rotina para um felino traz a sensação de insegurança, gerando problemas de comportamento”, explica a veterinária.
Portanto, existem várias movimentações que causam essa quebra de rotina: mudança de algum ambiente, introdução de um novo pet ou um novo membro da família, tutores ausentes, mudança de casa. Tudo o que for acrescido ou retirado da rotina do gato vai fazer com que ele sinta uma quebra da rotina.
É possível prevenir um quadro de ansiedade do meu gato?
Como os bichanos são apaixonados por rotina, o tutor deve estipular uma e evitar quebras para que o gato não fique estressado. “O ideal é que o tutor esteja presente uma boa parte do dia, com horários estipulados de brincadeiras, interações, snack e petiscos diferentes. Manutenção e limpeza das caixas de areia são essenciais”, orienta.
Estimular o gato durante todo o dia e seguir religiosamente uma rotina não é uma tarefa fácil. É comum que haja algumas quebras e até mesmo ausência maior do que o esperado. Para os dias impossíveis, a veterinária indica deixar petiscos em alguns esconderijos e em locais onde o gato consiga acessar. Assim, ele se distrai quando estiver sozinho.
As brincadeiras são as melhores aliadas para gastar energia. “Brinquedos interativos para gatos são acessíveis e funcionam muito bem para prender a atenção deles. Varinhas com peninhas ou fitas, bolinhas de papel, caixas de papelão que podem servir de toca e esconderijos já ajudam no processo de redução de sintomas de ansiedade”, diz a veterinária. O Portal Melhores Amigos já falou sobre a importância do enriquecimento ambiental para gatos e como o ambiente adequado faz com ele se sinta mais feliz.
Como tratar?
Existem medicações para tratamento da ansiedade nos felinos, que é utilizada em conjunto com o manejo diário. No entanto, é importante identificar a origem do problema que gerou o quadro de ansiedade. “Além de identificar a causa, é preciso também fazer um diagnóstico completo para identificar possíveis doenças físicas ocasionadas pela asiedade”, alerta Toledo.
O importante é que, logo após a observação do comportamento do felino, o tutor leve a um veterinário para que ele oriente o tratamento adequado de acordo com o grau do problema. “Existem muitas opções de tratamento, que devem ser indicadas de acordo com a gravidade do problema. Muitas vezes a utilização de feromônios no ambiente são grandes aliados ao tratamento, mas não é a única medida. O importante é sempre observar o gato e procurar orientação médica logo quando perceber algo de errado” conclui a veterinária.