Os cães são conhecidos pela fama de serem animais muito fiéis, colocando-os muitas vezes na posição de ‘os melhores amigos do homem’. Sendo a relação entre humano e cão única, a notícia de que seu maior companheiro possui diagnóstico de uma doença grave pode ser difícil.
Diante de uma doença, os cães passam a apresentar manifestações de que algo está errado. Tendem a deixar de serem os brincalhões ou os comilões de antes na medida em que a enfermidade avança. É comum os cães manifestarem sintomas da doença apenas em sua fase avançada, quando começam a sentir dor, náusea, cansaço e quando as possibilidades de cura, ou controle, já não são mais possíveis. Além disso, nos cães, as doenças tendem a evoluir muito mais rapidamente do que em humanos, o que causa grande surpresa e sofrimento aos tutores quando recebem o diagnóstico.
Mas afinal, o que é cuidado paliativo? Como afirma a médica-veterinária e oncologista da Oncopet Veterinária, Simone Cunha, as terapias paliativas são aquelas que têm a intenção de melhorar a qualidade de vida do paciente, aliviando sua dor, sofrimento e desconforto. O principal objetivo é manter o animal o mais confortável possível pelo tempo de vida que lhe resta, por meio do controle da dor, náusea, e suporte nutricional.
O quadro mais evidente na Medicina Veterinária Paliativa é o câncer. A maior parte dos casos ocorre em cães idosos e com doenças concomitantes (como artroses e displasias, doenças renais, doenças cardíacas etc), que causam também dor crônica. É recomendado que o controle da dor crônica seja iniciado o mais cedo possível, podendo envolver administração oral, transdérmica ou injetável de analgésicos. Neste caso, é importante que o tutor seja orientado a compreender quando o animal está sentindo dor e a manipular de modo correto os medicamentos.
A radioterapia paliativa é uma das possibilidades diante do quadro, e pode ser eficaz na redução da dor associada ao câncer. “Geralmente, são necessárias de três a quatro sessões. Neste protocolo, a radioterapia tem o objetivo de diminuir a dor e dar conforto, não causando os efeitos colaterais vistos em tratamentos definitivos. Em casos de tumores que estejam causando dor ou que apresentam feridas ou sangramentos, a cirurgia paliativa – para controle da dor e não para a cura da doença – pode ser recomendada. A acupuntura é outra ferramenta eficaz para o controle da dor crônica”, pontua a especialista.
Além disso, Simone afirma que, em casos de insucesso no tratamento da dor e de outros sinais, e quando o cão apresenta uma qualidade de vida ruim, a eutanásia pode ser considerada pelo tutor e médico-veterinário. Porém, é muito importante que conversem muito a respeito, considerem todas as possibilidades antes de tomar esta decisão e respeitem os sentimentos de todos os envolvidos no caso. Quando se trata das decisões a serem feitas sobre tratar ou não tratar o animal doente, os riscos e sofrimentos envolvidos em cada situação, aumentam a carga de responsabilidade no tutor e podem gerar apreensão. Por isso, o compartilhamento e a apropriação destas decisões podem ajudar a diminuir o sofrimento perante a escolha.