O tratamento com células-tronco, algo relativamente novo na medicina veterinária, não pode ser visto como uma tábua de salvação. Ainda assim, em casos específicos, pode ser decisivo para que seu cachorrinho viva mais e melhor.
Em que consiste esse tratamento? Bem, o assunto é complexo e cheio de particularidades, mas, em suma, o médico veterinário injeta células que foram previamente extraídas, isoladas, multiplicadas e congeladas em laboratório. Isso, claro, após identificar uma patologia e pesar as alternativas disponíveis.
“As células que utilizamos, as mesenquimais, são retiradas de tecidos adultos já formados, como o tecido adiposo”, explica a médica veterinária Michele Andrade de Barros, sócia da Regenera Stem Cells, empresa brasileira de biotecnologia. “São células com capacidade de regeneração mais restrita, na comparação com as embrionárias, mas que exercem ações imunomodulatórias importantes. Isso significa que podem, por exemplo, ter efeitos anti-inflamatórios, diminuir a fibrosa ou mesmo evitar seu aparecimento”.
Em outras palavras, são muitas vezes capazes de recuperar um órgão ou tecido doente. Segundo Michele, os tratamentos com células-tronco aprovados até o momento servem apenas a cachorros e para três patologias específicas:
- Osteoartroses
- Ceratoconjuntivite Seca
- Sequela Neurológica de Cinomose
“Há produtos direcionados a felinos e equinos que estão em vias de sair. E o tratamento de outras patologias também está em estudo”, afirma.
Devo procurar esse tratamento?
O tratamento com células-tronco deve ser avaliado em conjunto com o médico-veterinário devidamente credenciado para realizá-lo – muitos não estão habilitados por ser uma inovação recente. De acordo com Michele, sua principal vantagem é a ausência de efeitos colaterais, ao contrário do que ocorre com o uso intensivo de medicamentos.
Para a sequela de cinomose, ele é ainda mais interessante, uma vez que, de outro modo, grande parte destes animais adquire sequelas neurológicas importantes.
“E no caso da osteoartrose, desenvolvida muitas vezes a partir de uma displasia coxofemoral, a incongruência articular permanece, ou seja, não é uma cura. No entanto, os pacientes ficam livres de dor e voltam a ter qualidade, que é o que buscamos”.
Quanto ao tempo de resposta existe uma grande variação individual. Nas aplicações únicas (Osteoartroses e Ceratoconjuntivite Seca) uma estimativa média de 20 a 30 dias. Para aplicações múltiplas (Cinomose), os resultados começam a aparecer a partir da segunda aplicação.
“Tão importante quanto buscar esse tratamento é ter cuidado para não banalizá-lo”, defende Michele. “Os produtos utilizados têm que estar dentro das normas de qualidade para garantir respostas terapêuticas adequadas. Sua correta aprovação de registro deve ser procurada tanto pelo tutor quanto pelo médico veterinário, evitando falsas expectativas e riscos”.