Quem tem um gato já deve ter percebido que eles mudam de postura quando percebem um inseto ou uma ave por perto: abaixam e ficam mais concentrados para, se possível, dar um bote certeiro. Na ausência de presas (verdadeiras ou de brincadeira), por outro lado, podem não conseguir inibe inibir esse comportamento e as pernas de alguém da família se tornam o alvo ou a diversão predileta do seu animalzinho.
Mas será que devemos estimular esse instinto de caça nos gatos? Para Cássia Cassia Rabelo, franqueada e adestradora da Cão Cidadão, a resposta é sim. “As brincadeiras servem justamente como uma maneira de treinar as estratégias de caça. Trata-se de um comportamento instintivo, que não deve ser coibido, mas estimulado e direcionado”, explica.
Desse modo, também não se espante nem entenda como um presente caso seu gato traga a presa morta para a casa. “Possivelmente, a explicação mais provável é que eles agem assim como seus parentes selvagens, que muitas vezes levam a caça para ser consumida em seu local de descanso. Ou, em caso de fêmeas, levam a presa morta para ser consumida também pelos filhotes”, explica Rabelo.
A adestradora diz que esse instinto de caça é característica tanto de gatos felinos selvagens como dos domésticos, mas a intensidade pode variar de acordo com a idade e o temperamento do animal. “Por exemplo, gatos mais jovens, com um nível de energia maior, ou raças mais ativas (como Siamês ou Bengal) tendem a apresentar esses comportamentos de forma mais pronunciada. Raças mais tranquilas (como Persa ou Ragdoll) ou gatos com menor nível de energia e mais velhos, tendem a apresentar menos demonstrações desses comportamentos mais ativos”, diz.
Por isso, ela recomenda que o tutor tire um tempinho por dia para sessões de brincadeiras que estimulem o gato, de preferência com objetos que se movem ou “voam”, como ponteiras de laser, bolinhas de papel “recheadas” com petiscos, bolinhas leves jogadas de forma rasteira e varinhas com penas na ponta (que simulam aves voando baixo).
“Um dos pilares para garantia do bem-estar dos animais domésticos é conhecer e entender quais são seus comportamentos naturais e estimulá-los de forma saudável no ambiente em que vivem”, explica.
Segundo a adestradora, essas brincadeiras são a medida ideal para manter os gatos ativos e com seu instinto natural aguçado, sem incomodar as pessoas. “É interessante que algumas vezes a brincadeira termine com o oferecimento de alimento, para que o ritual da caça seja consumado: avistar, se concentrar na caça, perseguir e se alimentar ao final”, diz Rabelo.