Cuidar de peixes é uma atividade calmante e que traz uma série de benefícios, mas é importante saber reconhecer os sinais de que seu bichinho não está bem.
A médica-veterinária no O Tao do Bicho, Ana Carolina Magalhães, afirma que, quando doentes, os peixes modificam comportamento, aparência ou conformação. As principais alterações comportamentais são fáceis de notar: não se alimentam, boquejam na superfície da água e as nadadeiras ficam encolhidas. Além disso, podem permanecer mais ao fundo do aquário, se esfregando contra pedras, ou apresentam movimento de “vaivém” ou tremedeira (“shimmy”), não relutam ou fogem quando se tenta capturá-los.
“Com relação às modificações visuais, podem-se notar alterações nas escamas, pois elas se tornam mais pálidas ou escurecidas. Algumas doenças causam até mesmo a perda de escamas. O corpo ou a coluna do peixe podem sofrer deformações, seu ventre fica inchado. As nadadeiras podem ficar reduzidas de tamanho ou “desfiadas”. Além disso, os animais podem apresentar pontos brancos, hematomas, manchas ou uma substância esbranquiçada que lembra fiapos de algodão aderidos ao corpo. Seus olhos também podem ficar inflamados ou “saltados” (exoftalmia ou pop eye). Só não se deve confundir essa condição com algumas raças cujos olhos saltados são congênitos, naturais, como é o caso do Kinguio Telescópio, por exemplo”, explica a especialista.
A principal doença relatada em peixes de aquário de água doce é o íctio, ou doença dos pontos brancos, responsável por 80% dos casos de óbitos nesse tipo de aquário. O agente causador, um protozoário (Ichthyophthirius multifiliis), pode ser introduzido acidentalmente por meio de novos peixes, substratos, plantas ou água que são colocados sem os devidos cuidados.
Como o nome explica, o animal infectado pode apresentar manchas brancas no corpo e brânquias e fricciona o corpo contra superfícies ásperas. Ana Carolina pontua que, mesmo estando infectado, o animal pode não apresentar sinal da doença, sendo apenas portador e transmissor. Em alguns casos, sob estresse, o peixe antes assintomático pode desenvolver os sinais da doença.
Outra doença comum é a podridão das nadadeiras, que ficam com a aparência desfiada, roída ou esbranquiçada, e o animal perde o apetite. As causas podem estar relacionadas a diversos fatores, como agressão, água inadequada, estresse, má-alimentação ou infecção por bactérias ou fungos. Em caso de dúvida, a primeira atitude é separar os peixes do aquário, removendo os peixes agressivos e “beliscadores”. A saproneliose é uma doença causada por fungos (Saprolegnia sp), e os peixes afetados por ela apresentam falta de apetite, suas nadadeiras têm aspecto “roído” e a boca, cauda ou nadadeiras têm pontos brancos ou “fiapos de algodão”.
O peixinho neon (Paracheirodon sp), bastante conhecido por suas cores vibrantes, possui um parasita específico, que causa sua descoloração. O animal adquire curvaturas na espinha dorsal, o que leva à natação errática. Além disso, apresenta emagrecimento e queda de resistência. Bactérias podem se aproveitar de seu estado debilitado e causar podridão das nadadeiras.
Os peixes de aquário podem ser hospedeiros de outros parasitas, como o verme âncora (lernaea), ou o piolho de peixe.
“Para que o aquário esteja sempre em boas condições e para que seus habitantes tenham qualidade de vida, é importante que a água seja de qualidade, com temperatura, dureza, pH, iluminação e níveis de ureia e amônia apropriados para cada espécie de peixe; fornecer alimento adequado; isolar animais doentes; adquirir peixes de bons fornecedores; e fazer quarentena de novos peixes”, pontua Ana Carolina.
Nunca é demais lembrar que o médico-veterinário é o profissional capacitado e habilitado para diagnosticar e tratar as doenças citadas e outras mais, mas também que a prevenção é o melhor remédio. Portanto, é fundamental seguir orientações adequadas ao adquirir peixes de aquário para fornecer boa qualidade de vida.