Eles são fofos, mas exigem cuidados específicos: você sabia que os cães com focinho achatado podem apresentar problemas respiratórios por conta das características anatômicas do crânio? Pois é, e isso significa que os tutores precisam ficar atentos à intensidade dos exercícios, ao clima e inclusive à dieta desses animais.
“Os cães braquicefálicos (termo adotado para animais com focinho achatado) podem apresentar com muita frequência alterações anatômicas, que geram muito frequentemente a obstrução das vias aéreas superiores, acarretando dificuldade na inspiração”, explica Vanesa Kutz de Arruda, especializada em cardiologia veterinária, que atende na VESP Sorocaba e na My Pets, em Sorocaba (SP).
Esse aspecto, que é natural de algumas raças, pode gerar a síndrome do braquicefálico que é comum em cães Shihtzu, Lhasa Apso, Pug, Bulldog inglês, Bulldog francês, Boxer, Cavalier King Charles Spaniel, Pequinês e Boston Terrier entre outras raças.
A síndrome é caracterizada por alterações anatômicas, como o estreitamento das narinas, o prolongamento de palato mole e o estreitamento da traqueia (chamada de hipoplasia de traqueia). Todas elas reduzem o espaço para a passagem de ar, fazendo com que o animal tenha mais dificuldade para respirar, além de poder apresentar outros problemas de saúde.
“Os cães braquicefálicos podem desenvolver também problemas como hipertensão pulmonar, paralisia de laringe e até mesmo apresentar sinais gastrointestinais dependendo da gravidade da obstrução, pois acabam ‘engolindo’ muito ar (aerofagia)”, diz.
A médica-veterinária explica ainda que os tutores podem facilmente suspeitar dessa alteração, já que a maioria dos cães apresenta ruídos respiratórios similares a roncos, principalmente quando ficam mais agitados ou fazem uma atividade física. Além disso, engasgos, intolerância a exercícios, dificuldade respiratória, língua roxa ou pálida e até desmaios também podem ser sinais da síndrome.
Por esses motivos, é importante pegar leve com esses cães. Isso porque atividades físicas intensas elevam a temperatura do corpo e a velocidade de respiração. “Com isso, as obstruções tendem a se agravar. Os cães não transpiram como nós e a forma mais eficaz que eles têm para resfriar o corpo é através da respiração. Por isso, ficam ofegantes quando fazem atividade física e quando a temperatura está mais alta”, afirma a médica veterinária.
Outro cuidado importante é com a alimentação desses animais, pois o ganho de peso pode agravar o quadro de dificuldade respiratória. Em alguns casos, explica Vanesa, é preciso até fazer uma dieta específica para manter o cão no peso ideal.
Além disso, os tutores de cães com focinho achatado precisam ficar bem atentos à temperatura ambiente na hora de sair para passear. “O ideal é caminhar em períodos mais frescos do dia, como no início da manhã ou à noite, principalmente no verão. Jamais caminhar em horários muito quentes ou de muita exposição solar, porque isso pode colocar em risco a saúde do cão”, diz a veterinária.