Quem tem um gato em casa sabe que é comum que ele queira sair para dar uma volta. Enquanto algumas famílias usam telas e outros artifícios para evitar que o animal saia de casa, outras preferem deixar o pet livre para ir e vir – o que não é recomendado pelos especialistas, já que esse comportamento deixa o bichinho mais suscetível a doenças e acidentes. Mas afinal, por que os gatos tentam fugir de casa?
Segundo a médica-veterinária Vanessa Zimbres, sócia-proprietária da clínica Gato É Gente Boa, existem diversos motivos para os felinos fugirem. Um deles, tanto para os machos quanto para as fêmeas que não são castrados, é o instinto de sair em busca de parceiros para cruzarem na época do cio. Entre as gatinhas prenhas, é comum que elas saiam em busca de um ambiente onde se sintam mais seguras para dar à luz.
“Além disso, gatos são animais territorialistas e, se tiverem a oportunidade, vão buscar ampliar seu território e passar alguns dias o defendendo. Dependendo de como é o quintal da nossa casa, outros gatos da vizinhança podem ter acesso e expulsar nossos próprios gatos. Mesmo animais que não são castrados ou que são mais tímidos podem não voltar por medo dos gatos mais fortes”, adiciona a profissional.
Outro instinto básico que pode aguçar os bichanos a fugirem é a caça. Quando ele é domesticado, é necessário que o tutor ofereça atividades para suprir essa necessidade. Um exemplo de enriquecimento ambiental é a brincadeira com a varinha. Se essa demanda não é atendida, o animal tende a sair em busca de presas que se não estão disponíveis na vizinhança, podem fazer com que ele se afaste cada vez mais do seu lar.
A veterinária aponta que quando a família está sempre adotando outros animais, sejam felinos ou não, o gato pode sentir que seu espaço está sendo reduzido e que os recursos estão mais restritos. “Alguns gatos, quando têm a oportunidade, podem se mudar do ambiente para um local onde a disputa pelos recursos seja menor.”
E também, quem nunca ouviu falar de gatinhos que têm duas ou mais famílias? Quando ele sai apenas por curiosidade, pode acabar encontrando um bom tratamento em outras casas da vizinhança, passando horas ou até dias em outra residência. Depois, ele volta para os primeiros tutores e a identidade dupla acaba se tornando um hábito.
Recomendações
Primeiramente, é preciso lembrar que não é ideal que os gatos tenham acesso à rua. Isso porque eles ficam mais suscetíveis a doenças, como FIV e FELV, e acidentes. Ambos podem ser fatais. Além disso, os animais podem ser envenenados, ficarem presos em locais sem acesso para voltar e serem vítimas de maus-tratos. Portanto, a orientação é instalar telas nas janelas e bloquear outras rotas de fuga.
A dra. Vanessa recomenda que todos os felinos sejam castrados para ajudar a diminuir comportamentos causados pelo instinto. Já em caso de mudança de casa, adoção de outro animal ou a chegada de um bebê, é importante fazer a transição gradativa com o auxílio de um médico-veterinário especializado, que irá avaliar a personalidade do gato para sugerir as melhores práticas.
Outras dicas para evitar fugas são: oferecer um área de descanso apropriada, sem a presença de outros animais ou pessoas; enriquecer o ambiente para que ele se distraia e tenha a oportunidade de sanar os instintos de caçador e disponibilizar recursos – como caixas de areia, vasilhas de comida e água, espaço para brincar e descansar e atividades com o tutor – suficientes para o número de animais da residência.
“Se o gato se sente sozinho, a companhia de outro gato pode ajudar. Porém, não é ideal adotar muitos animais para não haver competição entre eles. O objetivo é fazer com que o ambiente indoor seja tão atrativo quanto o lado de fora, sem deixar de lado ações para prevenir a fuga, usando telas nas janelas, cercando muros e tomando cuidado com portas e portões”, reforça Vanessa.