Cães e gatos também podem contrair o coronavírus, e nos felinos a doença é fatal. O vírus está em destaque no noticiário mundial após um surto que já infectou milhares de pessoas em dezenas de países. Há grandes diferenças, porém, entre a coronavirose em humanos e nos animais.
O coronavírus é uma família de vírus bem conhecida dos cientistas: foi descoberta por infectologistas na década de 60, explica a médica veterinária Karla Bruning de Oliveira, da Esalpet (Instagram: @esalpet). Segundo o Ministério da Saúde, o surto atual em humanos ocorre devido a um novo tipo de coronavírus, que surgiu na China em 31 de dezembro de 2019. Ele foi chamado de COVID-2019 e é conhecido como “novo coronavírus”.
“O fato de a origem da epidemia estar sendo associada a um mercado público de comercialização de animais selvagens vivos em Wuhan, na China, tem preocupado tutores quanto à contaminação de seus animais de estimação”, afirma a profissional.
Segundo a especialista, há configurações diferentes dos vírus humanos, caninos e felinos, por isso, uma espécie não pode transmitir a doença para a outra. Ou seja, humanos não pegam a doença de cães ou gatos, e vice-versa.
O infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, confirma essa informação. “Quando falamos desses vírus que atacam especificamente cães e gatos, eles não são transmitidos para os humanos, de acordo com a literatura médica”, afirma.
Nos humanos, segundo o Ministério da Saúde, o vírus é transmitido de forma semelhante ao vírus da gripe: costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo (como toque ou aperto de mão) e contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Entre os animais, a forma de transmissão mais registrada é pelo meio de contato com fezes contaminadas.
Sintomas
De acordo com Karla, os sintomas nos cães são muito semelhantes aos da parvovirose, como vômito, dor abdominal, diarreia com perda de sangue, dificuldade de defecar e desidratação. O vírus destrói as vilosidades do intestino do animal.
“Nos cães, a presença somente do coronavírus não traz maiores problemas, porém, se vier acompanhado do parvovírus, aí a expectativa de vida pode variar muito, pois dependerá da cepa (nível de mutação e adaptação) do vírus da parvovirose e do próprio organismo do animal”, explica a veterinária.
Nos gatos, a doença é extremamente perigosa. Há vários sintomas, como perda de apetite e peso, aumento gradual do abdômen, febre persistente, pelagem sem brilho, alteração neurológica (como a queda da traseira) e, algumas vezes, infecções oculares, alteração de cor e irregularidade nas pupilas.
“O coronavírus causa a peritonitinfecciosa felina, que gera uma infecção grave e incurável. Nestes casos, a expectativa é quase nula logo após o diagnóstico. A indicação é de eutanásia, pois mesmo em casos onde não há sinais neurológicos, apenas gastroentéricos, a cura é difícil e o animal acaba indo a óbito”, lamenta a especialista.
É importante os tutores ficarem atentos aos sintomas. “Procurar orientação veterinária aos primeiros sinais incomuns é crucial para a saúde do animal”, ressalta.
Prevenção
Doenças virais sempre incluem protocolos de prevenção. No caso da coronavirose felina, existe uma vacina importada disponível, mas a sua proteção é controversa, e alguns gatos não respondem bem. “No Brasil, a vacina contra coronavirose felina não faz parte do quadro de vacinação, portanto, a melhor forma de prevenir é sempre manter o local onde o gato vive limpo e higienizado”, aconselha a profissional.
“O mesmo vale para os cães quanto à higiene. Além disso, é fundamental manter as vacinas polivalentes em dia, respeitando os esquemas iniciais e anuais de vacinação”, destaca a veterinária. Tutores devem, ainda, evitar o acúmulo de fezes dos animais em casa, manter o ambiente sempre limpo e higienizar suas mãos constantemente.