Você já deve ter se perguntado como os gatos saem para passear e conseguem encontrar o caminho de casa. Ou então, se são verdadeiras as histórias de felinos abandonados em terrenos distantes e que, após um tempo, voltam para o endereço de origem. Será mais um poder sobrenatural associado aos gatos ou eles têm um GPS natural?
Para Juliana Sant’Ana, adestradora e franqueada da Cão Cidadão, a resposta não é nenhum mistério e esse ‘poder’ é explicado pelos sentidos bem aguçados desses animais. “Os gatos utilizam muito bem suas memórias visual e olfativa para se localizar. Quando saem para explorar o território, eles observam todo o ambiente, memorizando casas, ruas, prédios, árvores etc. A memória visual é complementada com a olfativa, já que o olfato dos gatos é muito aguçado. Cada ambiente possui seus cheiros específicos e o gato é capaz de memorizar esses odores com a finalidade de reconhecer cada lugar. Quando caminham longas distâncias, os gatos conseguem, com o auxílio do vento, captar esses cheiros conhecidos e se direcionam para os locais mais próximos da sua casa, até retornarem de fato”, diz.
Segundo a adestradora, os sentidos funcionam em conjunto e de forma complementar, mas talvez o mais poderoso desses “GPS” seja o olfato desses animais. “Desde cedo, o filhote aprende a retornar para o ninho buscando pela concentração de cheiro da mãe e dos irmãos. Quando adultos, eles dedicam muito do seu tempo delimitando seu território com marcas visuais e olfativas, ou seja, por meio de arranhaduras, esfregamento (liberação de feromônios), urina e, raramente, com fezes”, explica.
Isso explica porque muitos gatos conseguem ter vários endereços ao mesmo tempo. Sabe aquele animalzinho que tem nome e comida garantida na sua casa, mas passa tempos desaparecido? Ele certamente faz o mesmo com outros moradores do bairro.
“Eles exploram muito bem o espaço em que vivem. Alguns gatos, em especial os machos não castrados, podem andar quilômetros, o que equivaleria a circular por diferentes bairros urbanos. Como o gato normalmente setoriza seu território, ele pode então selecionar uma casa para caçar e comer, outra para dormir ou se esconder e outra para utilizar como banheiro, comportamento que geralmente incomoda a vizinhança. Quanto maior o território do gato, maiores são as chances de ele ter ‘várias casas’”, diz a franqueada da Cão Cidadão.
Nesse caso, Juliana chama a atenção para os riscos que esses animais correm, como envenenamentos, atropelamentos, doenças, além de brigas e exposição constante a parasitas.