Após os sete anos de idade, alguns cães podem começar a apresentar comportamentos diferentes, como agressividade, fobias, ansiedade de separação, além de comportamentos compulsivos ou repetitivos. Esses são alguns sintomas associados à Síndrome da Disfunção Cognitiva, popularmente conhecida como “Alzheimer dos animais”. Nos animais, não há raça com maior predisposição e a doença é rara em cães jovens.
Outros sinais de alerta para os tutores são: fazer cocô ou xixi em locais inapropriados, ficar perdido em lugares conhecidos ou parado olhando para o nada. Isso acontece porque a doença é caracterizada por um quadro degenerativo, em que há morte das células cerebrais, levando inicialmente a alterações relacionadas à memória e ao raciocínio.
“Diversas são as doenças e condições que podem levar à alteração de comportamento em cães idosos, portanto o diagnóstico presuntivo da Disfunção Cognitiva em cães se faz por exclusão das possíveis causas daquele comportamento”, explica Rafael Parra Lessa, médico-veterinário do Serviço de Neurologia do Hospital Veterinário Pet Care.
Isso porque os sintomas variam bastante e é preciso descartar outras enfermidades, como doenças de coluna, insuficiência renal ou diabetes, por exemplo, que também podem levar a incontinência urinária, um dos sinais associados à síndrome. “Um exame clínico neurológico minucioso e exames de imagem como a ressonância magnética podem confirmar este diagnóstico”, indica o veterinário.
Em caso de confirmação da doença, o tratamento visa amenizar os sintomas, já que, assim como nos humanos, ainda não há medicamento capaz de barrar as lesões. “O ponto mais importante do tratamento é o enriquecimento ambiental, que tem como proposta treinar o cérebro do paciente com o objetivo de deixá-lo mais esperto”, afirma Lessa. Para isso, são utilizados jogos e diferentes estímulos com o animal.
Além disso, os médicos-veterinários costumam recomendar uma dieta balanceada para tentar melhorar a capacidade cognitiva desses cachorros. “Quando os tratamentos descritos anteriormente não são suficientes, existe a possibilidade de uso de medicações para tratar distúrbios específicos, como indutores de sono para regular o ciclo de sono e vigília, antidepressivos, caso tenha desenvolvido ansiedade”, afirma Lessa.
Assim como no caso dos humanos, pesquisadores ainda buscam muitas respostas para as causas e os tratamentos para o Alzheimer em animais. “É preciso descobrir o momento em que a doença tem o início, como é possível interrompê-la, e mais, como seria possível regredir lesões já instaladas”, diz o médico-veterinário.