Não é raro observarmos cães e gatos que estão um pouquinho acima do peso. Eles podem até parecer “bonitinhos” desse jeito, mas a verdade é que a obesidade pode proporcionar quadros muito mais graves nos animais. Mamíferos à parte, nas aves acontece o mesmo.
Nos amigos de pena e bico, a obesidade predispõe deficiências nutricionais e respiratórias, pois faz comprimir a capacidade respiratória. O acúmulo de gordura está normalmente localizado na porção mais caudal da cavidade celomática, como se fosse o abdome de um mamífero. Uma mera consulta à balança não define o quadro de obesidade, já que entre indivíduos da mesma espécie há variações na massa corpórea, além de idade e outros fatores.
A principal maneira pela qual as aves chegam ao sobrepeso e obesidade, você já pode imaginar: problemas na dieta, aliados a maus hábitos cotidianos. É possível influenciar a atividade dos pets sem ao menos perceber. “O animal acaba adaptando seus hábitos ao do tutor. Se você vai dormir à meia-noite, e até lá permanece próximo ao animal em um cômodo com luzes acesas, a ave talvez fique acordada junto a você, e comendo. Já na natureza, ela seguiria o tempo da luz solar. Por isso, é interessante estipular horários para que ele durma e acorde”, recomenda a médica-veterinária especializada em animais silvestres Erica Couto, da Clínica Tukan. Para isso, o ideal é cobrir a gaiola com um pano escuro. Sem estímulo luminoso, a ave normalmente se ajeita para o sono.
Periquitos australianos, calopsitas, trinca-ferros, canários… qualquer ave criada como pet pode desenvolver um quadro de obesidade, mas talvez você jamais tenha percebido por conta das penas, que “escondem” a gordura. Então, quais seriam os sintomas? “O tutor fica sabendo quando o leva para uma consulta, ou porque a ave já possui outros problemas, como demonstração de cansaço. Com o excesso de peso, a ave diminui a capacidade respiratória e deixa de fazer coisas que fazia antes”. Por isso, siga as orientações de alimentação para qualquer tipo de animal que você possua em casa. “Oferecer arroz, feijão, doce, balas e bolacha não é apropriado. A maioria das aves é herbívora, mas tem papagaio, por exemplo, que é alimentado até com frango! Não é parte da dieta do animal, que não é preparado fisiologicamente para isso, e pode sofrer até mesmo lesões no trato digestório e até apresentar problemas renais”. Um quadro prolongado de obesidade também pode causar problemas cardíacos, hepáticos e alteração de coloração das penas.
Oferecer sementes de girassol às aves, alimento popularmente tido como próprio para esses animais é uma prática a ser evitada. “Nós utilizamos o óleo de girassol na cozinha. Imagine você se alimentar somente daquele óleo, todos os dias? Não é uma prática saudável. Para sua ave, também não. A melhor escolha são rações extrusadas, que são compostas por uma fórmula balanceada, e que possui todos os ingredientes dos quais a ave precisa”. No caso em que uma dieta diferente seja recomendada pelo veterinário, é possível escolher rações light, que podem ser aliadas a exercícios físicos. Um exemplo simples é aumentar a distância da água e comida do animal.
Bons hábitos cotidianos e alimentação balanceada fazem bem não apenas para os humanos, mas para toda família. Em caso qualquer dúvida, consulte um médico-veterinário, e não esqueça das visitas periódicas para um bom check-up no seu animal de estimação.