Não é exagero dizer que aquários são verdadeiros ecossistemas. Ou seja, para que alcancem sustentabilidade, é preciso encontrar o balanço correto entre diversos fatores como temperatura da água, iluminação e o tipo e quantidade corretos de alimento oferecido aos peixes.
Todavia, o convívio entre esses animais deve ser observado e controlado, para que indivíduos ou cardumes inteiros não entrem em colapso. E há maneiras de manter o “bom comportamento” entre eles, como explica o médico-veterinário e especialista em aquariofilia Arsênio Baptista, da Clínica Veterinária Tukan e da Aquality – Assessoria em Ambientes Aquáticos. “Peixes que não são agressivos uns com os outros podem adotar esse tipo de comportamento por disputa de território em épocas de reprodução, ou ainda no momento em que o alimento é oferecido”, afirma.
Ou seja, os peixes podem adotar posturas agressivas em variadas situações, mas é possível evitar grande parte das disputas levando em consideração alguns princípios básicos:
- A natureza social da espécie: se vive em cardumes, é solitária ou vive em casais.
- O nicho da espécie: se habita o fundo, a meia-água, a superfície ou o aquário todo.
- A natureza da atividade da espécie: se é diurna, noturna ou diuturna.
“Determinada espécie pode aceitar outras no aquário, em nichos que não o seu, mas será intolerante com outras que estejam competindo pelo nicho onde está inserida. Da mesma maneira, pode aceitar outros peixes no seu nicho, se compartilharem o mesmo espaço em horários diferentes. Um tipo de peixe pode também aceitar um cardume de outra espécie, mas tornar-se hostil se encontrar somente um indivíduo dela. Combinar espécies em diferentes nichos facilita o convívio. Entretanto, não é uma regra final”, diz o especialista.
Situações estressantes para os animais também podem criar um ambiente no qual os peixes ataquem uns aos outros. Um aquário é como uma equação de diversos fatores físicos, químicos e biológicos. Superpopulação ou filtragem deficiente podem influenciar no comportamento dos indivíduos.
Alguns exemplos de peixes “brigões e amigáveis” de água doce
Os grandes tetras e grandes ciclídeos são os principais encrenqueiros. Entram nessa lista peixes o pacu e a piranha (acredite: são da ‘família” dos tetras), e ciclídeos como o oscar e o tucunaré, além de espécies africanas.
Entre os amigáveis, destacam-se os populares pequenos tetras (como o tetra-preto, o mato-grosso, o neon-cardinal, o borboleta e o neon-negro); os poecilídeos (como o espada, o plati, o guppy e o molinésia); os pequenos barbus (barbus-titeia, barbus-ouro, barbus-conchonio); os cascudos (limpa-vidro, cascudo-de-bola, cascudo-comum) e os corydoras (como o cory sterbai, cory julli, cory aeneus, cory schwartzi); além do kinguio, sobre o qual você já leu aqui no Portal Melhores Amigos.
Antes de iniciar o seu aquário, consulte um especialista. Um profissional adequado poderá orientar quanto ao nível de complexidade e o tamanho ideal para você manter em sintonia esse universo à parte dentro de casa.