Pessoas alérgicas podem ter um gato?

Algumas pessoas morrem de amores pelos gatos, mas basta poucos minutos em contato com um desses animais para que apareçam os primeiros sintomas: espirros, tosse, coceira nos olhos e no nariz, dores e, nos casos mais graves, até falta de ar. Diante desse quadro, será que uma pessoa alérgica pode ter um gato em casa?

 

O primeiro passo para responder essa pergunta é entender de onde vem essas crises alérgicas. A médica Ana Paula Moschione Castro, especialista da ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), explica que os vilões não são os pelos do animal, como muita gente imagina. “O epitélio, a saliva e a urina dos gatos têm proteínas que estimulam o sistema imunológico daqueles que têm mais chance de ter alergia e, toda vez que essa pessoa entra em contato com essas secreções, ela produz uma proteína chamada IgE, que desencadeia as reações alérgicas”, explica.

 

Segundo a especialista, outro fato importante e que deve ser levado em consideração é que as alergias podem ser desencadeadas ou desaparecer em fases diferentes da vida. Isso significa que se você foi uma criança com alergia a gatos pode não ter crises na vida adulta, e vice-versa.

 

Além disso, vale observar se elas se manifestam com a mesma intensidade quando você entra em contato com animais distintos. “As raças de gatos, em especial, são muito similares. Existem alguns pacientes que até têm mais ou menos reação com gatos diferentes, mas, a princípio, quem tem alergia grave a gato costuma ter alergia a qualquer raça”, afirma a especialista.

 

Nesses casos, Moschione Castro diz que há possibilidade de tratamento para os tutores. “Após uma avaliação com um médico especialista, é possível fazer um tratamento chamado imunoterapia, que é uma dessensibilização com bastante êxito”, diz. O método mais comum de imunoterapia é a aplicação de injeções subcutâneas. A quantidade de doses e a duração do tratamento, por sua vez, devem ser decididos de acordo com a gravidade de cada caso.

 

Durante esse processo, o médico deve informar se o gato pode ou não permanecer na casa do tutor. “Em geral, a gente faz um movimento para que sim, porque a gente respeita o desejo do paciente de ter um gato. A indicação de retirada do animal só acontece quando há um risco grande”, diz a médica da ASBAI.

 

Moschione Castro ressalta ainda que não há os tratamentos eficazes direcionados aos felinos que causam a alergia. “Castrar o animal, dar mais banhos nos gatos, tudo isso são medidas controversas. O ideal é que o animal não entre no quarto do paciente”, explica ela.

 

E para alérgicos apaixonados pelos felinos, saiba que os médicos só desaconselham completamente ter contato com o animal se você é paciente grave e ainda não se submeteu ao tratamento adequado. “Se o paciente tem sintomas que colocam a sua vida em risco, não só por uma crise mais grave, mas porque fica perpetuando o processo inflamatório do pulmão, o ideal é que ele não tenha gato até que faça um tratamento curativo”, diz a médica.

 

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