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Terapia holística: O poder curador dos gatos

Terapias holísticas são formas de buscar a cura para um mal compreendendo o ser como um todo, ou seja, englobando os aspectos físicos, mentais, espirituais e emocionais do indivíduo. Complicado? Basta pensar que esta filosofia acredita que, para uma saúde ideal, é importante que todos esses campos estejam balanceados. Ou seja, um período de estresse profundo pode afetar o campo físico da pessoa, causando dores, por exemplo.

E por ser reconhecidamente uma relação de benefício mútuo, a convivência com pets também pode ser enquadrada como uma atividade holística, sendo esta uma prática já registrada em pesquisas e no cotidiano de diversos perfis de terapeutas. Até mesmo o ronronar dos gatos parece ter um efeito benéfico à saúde.

“Cientistas demonstraram que os gatos ronronam quando inspiram e expiram, com um padrão constante e frequência entre 25 e 150 Hz. Vários pesquisadores mostraram que frequências sonoras neste espectro podem melhorar a densidade óssea e a saúde”, escreveu o especialista Leslie A. Lyons, da Escola de Medicina Veterinária da Califórnia. “Ainda que seja tentador dizer que o gato ronrona porque está feliz, é mais plausível acreditar que este ato seja um meio de comunicação e uma fonte potencial de autocura”, finalizou em artigo da Scientific American.

A psicanalista e superintendente técnica da ONG Patas Therapeutas, Silvana Fedeli Prado, conhece na prática todo o benefício que os felinos, ao lado dos cães, animais mais utilizados em terapias assistidas por animais (TAA), podem oferecer. “Hoje sabemos que o ronronar dos gatos faz maravilhas, e o contato com o animal libera dopamina (sensação de recompensa no cérebro), oxitocina (hormônio que é liberado quando estamos próximos de quem gostamos) e diminui o cortisol (hormônio relacionado ao estresse)”. Para ela, os animais nos aceitam como somos, o que aumenta a nossa sensação de bem-estar. “Podemos chegar em casa cansados e estressados, mas, ao cuidarmos do animal temos um efeito muito positivo. A TAA leva para dentro do hospital, ou casa de repouso, por exemplo, o que pessoas não podem ter por estarem longe de casa”.

Mas, teria o gato um perfil adequado para receber carinho de estranhos, e ser tão manuseado, pulando de colo em colo? “O gato terapeuta é um gato especial, porque ele precisa gostar de estar com pessoas conhecidas e desconhecidas”, esclarece Silvana. “Ele não pode se assustar nos ambientes para os quais é levado. O cachorro é um animal com uma doçura mais incondicional e, por isso, temos mais cães, mas nas atividades do Patas Therapeutas possuímos três gatos. São manuseados, tocados, abraçados e adoram beijos”, completa.

“Um destes animais, a Ágata, visitou uma criança da ala de oncologia de um hospital que atendemos. A criança não gostava de cães, não queria saber de cachorro. Mas ficou tão contente com a visita da gata que, nos dias de visita, passou a esperá-la na porta do quarto. Este é um estímulo que não existia antes. Outra criança, com um quadro neurológico, não desenvolvia muita comunicação com a família e os médicos, no entanto, ao colocarmos a Ágata na cama, ela foi abraçada, beijada e deitaram na cama juntas. O pai não acreditava”, conta.

Desta forma, algumas características dos felinos já foram comprovadas como benéficas à saúde dos humanos. No Brasil, o texto (de Gisele Greghi, Maria de Fátima Martins, Michele Silva, Yara Sanches e Nayara Pozzobom, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP), avalia que a presença de animais de estimação junto a pessoas idosas, por exemplo, ajuda a aumentar a segurança e troca de afeto.

Elas dizem que “as pessoas idosas buscam alguém de quem possam cuidar e trocar afeto. Eles [os animais] agregam segurança ao idoso, que se sente mais seguro com um animal por perto. Pelo fato de ficar mais tempo em suas residências, um animal de estimação ajuda a preencher o tempo fazendo companhia, além de dar e receber atenção (…) os animais de estimação, através de sua relação de carinho puro e espontâneo, resgatam no idoso a capacidade de interagir, empenhar-se em novas tarefas e de amar cada vez mais seus animais”.

E você? Acredita no poder curador que os pets possuem? Com histórias como estas fica difícil não concordar que eles deixam a rotina mais leve!

 

Por André Spera
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