Abandono de animais de estimação pode causar morte de espécies nativas

Dia 22 de maio é o Dia Internacional da Biodiversidade Biológica. Você sabia que a tutela responsável de um animal de estimação ajuda a preservar a biodiversidade (conjunto de seres que vivem em um determinado espaço ou época)?

Abandonar um animal doméstico, além de um ato desumano e de crime previsto em lei, pode causar danos irreversíveis à biodiversidade local, levando a um desequilíbrio ambiental e à morte de espécies nativas.

De acordo com a médica veterinária Larissa Rezende Paulino, do CETAS Barueri (Centro de Triagem de Animais Silvestres), a realidade genética de pets e de animais em vida livre são bem diferentes. Quando um animal de estimação abandonado entra em contato com espécies nativas, pode ocorrer um grande impacto na biodiversidade local.

“Animais domésticos podem ser grandes caçadores, tendo sua lista de presas em potencial bastante extensa, como aves, répteis, mamíferos, anfíbios, insetos. Podem prejudicar os ciclos de vida em qualquer fase, como danificar ovos, causar estresse (fazendo espécies abandonar ninhos) e predar filhotes e adultos”, exemplifica Larissa.

Doenças também são preocupação neste caso. “Doenças podem acabar infectando espécies nativas, assim como parasitas. Também há o risco para o próprio pet: pode se infectar também com diversos micro-organismos, além do perigo de ser predado, ingerir algo nocivo, entrar em contato com alguma espécie potencialmente perigosa.”

E está muito enganado quem pensa que só animais de estimação maiores, como cães e gatos, podem causar impacto em áreas de preservação. “Um hamster pode até se tornar uma presa relativamente fácil para predadores de vida livre, porém, esse hamster pode portar uma doença ou parasita que não é ‘natural’ naquele ambiente, podendo gerar um prejuízo, já que agora esse predador deverá se adaptar à nova presa – e tudo o que vem com ela.”

A veterinária explica que mesmo deixar o animal solto (no chamado “semidomicílio”) em áreas de preservação pode ser um problema. “Se o gato volta com um passarinho morto de ‘presente’, o tutor pode não ter consciência do impacto que a falta daquele pássaro pode representar para a natureza.”

O que fazer?

Ao adquirir um pet, os futuros tutores devem pensar muito se terão condições de mantê-lo até a hora de ele partir. “Basicamente, deve-se considerar o tempo, espaço e condições financeiras. Se você terá o tempo necessário para se dedicar ao novo animal de estimação. O espaço ideal para que ele se sinta confortável e possa se exercitar. E as condições financeiras para manutenção”, lista a profissional.

Abandonar um bichinho nunca é desculpa. Nem em último caso. “Se uma pessoa realmente não tiver mesmo condição de manter o animal, a comunicação é a melhor opção: deve informar as pessoas próximas que tem intenção de doar. Existem pessoas que oferecem lar temporário e ajudam na adoção. Pode-se também tentar a ajuda de ONGs para divulgar a doação.”

Para evitar ao máximo o impacto à biodiversidade, sempre mantenha a vacinação de seu animal em dia e supervisione os seus passeios (nunca deixando-os soltos por aí). E, claro, nunca alimente animais silvestres. “De forma direta ou indireta, todos somos prejudicados quando as áreas de proteção ambiental são danificadas”, conclui Larissa (@larissarpaulino).

 

 

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